Como Zak Brown transformou a McLaren – e o que isso ensina sobre focar no cliente

A McLaren já foi sinônimo de vitória com ícones como Ayrton Senna e Alain Prost. Mas ao longo dos anos, os resultados declinaram e a equipe ganhou uma imagem desgastada e obsoleta. Em 2018, Zac Brown assumiu o papel de CEO e mudou tudo com uma visão: “Vamos parar de pensar como uma equipe de corrida. Vamos operar como uma empresa de mídia.”
O resultado? Um reposicionamento ousado que levou a performance comercial e esportiva a outro patamar — e resgatou a alma da marca.
Estratégia de Zak Brown: muito além da pista
Visão estratégica: Desde que assumiu em 2018, liderou toda a redefinição da marca McLaren — com foco em marketing, direção comercial e performance operacional.
McLaren como mídia: A McLaren passou a gerar conteúdo envolvente e cultural, fazendo experiências que vão além da pista. Um exemplo icônico: Brad Pitt fez uma volta no carro da equipe antes de uma corrida, criando repercussão global.
Resultados:
Patrocinadores: saltaram de 5 para 53.
Valor da marca: dobrou.
Receita comercial: triplicou, alcançando US$ 571 milhões em 2023.
Performance nas pistas: McLaren venceu o Constructors’ Championship em 2024, com dois pilotos liderando a temporada.
Miopia de Marketing: o antídoto aplicado por Zak Brown
O renomado economista Theodore Levitt cunhou o termo miopia de marketing em 1960 para descrever empresas que se concentram no produto, não na necessidade do cliente.
Zak Brown entendeu intuitivamente esse princípio. A McLaren não redefiniu apenas a Ferrari ou a pista — reposicionou-se no negócio de entretenimento e experiência emocional, entendendo que as pessoas querem mais do que velocidade: querem conexão e cultura.
O perigo da miopia, segundo Levitt, é enxergar o negócio pela lente do produto apenas — como as ferrovias que esqueceram que estavam no transporte e não no trem.
Lições práticas para empresas de qualquer porte
Repense o que você realmente oferece — produto ou experiência transformadora?
Crie conteúdo que conecte — mostre bastidores, cultura e narrativa da sua marca.
Seja memorável além da entrega — celebre com criatividade e empatia.
Veja além do curto prazo — resultados financeiros são importantes, mas o impacto de marca é vital.
Prevenção à miopia — mantenha diálogo com seu público e esteja pronto para redefinir sua missão.
Resultados nas pistas
A transformação da McLaren por Zak Brown não foi apenas uma história de bastidores — ela se reflete em desempenho esportivo dominante. Até o momento em que eu escrevi este texto, em 2025:
A equipe acumulou 11 vitórias em 14 Grandes Prêmios, consolidando-se como favorita no campeonato de construtores com impressionantes 559 pontos, quase 300 a frente da Ferrari.
No GP da Hungria, Lando Norris conquistou a vitória com o tempo mais próximo da perfeição segundo Brown — a McLaren comemorou sua 200ª vitória na F1.
A marca registrou ainda sete dobradinhas (1–2) na temporada, cenário histórico não visto desde 1988.
No Campeonato de Pilotos, Oscar Piastri lidera com 284 pontos, seguido por Norris com 275 — ambos muito à frente de Max Verstappen, com 187.
Esses números não apenas confirmam a eficácia do reposicionamento de marca liderado por Brown, mas também escancaram: o sucesso começou na percepção de valor e se concretizou na pista.
Conclusão: Vitória real acontece além das pistas
Zak Brown provou que resultados esportivos e comerciais dependem tanto do mindset quanto de performance. A McLaren abandonou a postura de “glória antiga” e se reintegrou como marca cultural.
E Levitt, se pudesse assistir a tudo isso, diria: brilhante — porque a McLaren deixou de ser míope e enxergou o que seu público realmente valoriza.